domingo, 15 de novembro de 2020

Vinho: Adega de Penalva Tinta-Pinheira Dão tinto 2019 (13%) | Ad. Coop. Penalva do Castelo

Classificação Omnívoros: 89
PVP: 10 euros

100% Tinta Pinheira (Rufete). Fermentação em inox, Estágio de 12 meses em barricas novas. Engarrafamento ao fim de 18 meses. Granada profundo, reflexos violeta. Aromas de ginja madura, sugestões de caruma verde de pinheiro.Boca de ameixa preta madura cozida, equilibrada e aveludada. Comprimento apreciável e harmonioso.
Prato: Chanfana.

Vinho: Adega de Penalva Clarete Dão tinto 2019 (12,5%) | Ad. Coop. Penalva do Castelo

Classificação Omnívoros: 82
PVP: 7 euros

Encruzado e Tinta Roriz. Fermentação em lagar inox durante um dia e terminada em barricas usadas, onde estagiou 6 meses. Engarrafado ao fim de 18 meses. Vermelho escuro aberto. Aromas de amoras e mirtilos com notas de raspa de toranja. Boca ligeira mas bem marcada em termos de acidez, meio de boca interessante. Final curto.
Prato: Blanquete de vitela.

Vinho: Adega de Penalva Maceração Pelicular Dão branco 2019 (12,5%) | Ad. Coop. Penalva do Castelo

Classificação Omnívoros: 87
PVP: 7 euros
Encruzado (40%), Malvasia-Fina (30%) e Cerceal-Branco (30%) Maceração pós-fermentativa em inox por 15 dias. Estágio 6 meses em barricas de carvalho francês. Amarelo carregado, laivos esverdeados. Aromas florais intensos, notas de vagem de ervilhas. Boca de entrada cítrica, depois tropical, nêspera madura e toques de maracujá. Comprimento apreciável.
Prato: Tripas à moda do Porto.

Vinho: Adega de Penalva Bical Dão branco 2019 (13%) | Ad. Coop. Penalva do Castelo

Classificação Omnívoros: 83
PVP: 7 euros

100% Bical (Borrado das Moscas). Fermantação em cuba inox. Amarelo ligeiramente nacarado. Aromas de alperce maduro e folha de chá.  Na boca evoca líchias, pimenta branca e marmelo maduro. Boa persistência, final amanteigado e tropical.
Prato: Ervilhas com ovos escalfados.

Vinho: Quinta S. José Touriga Nacional Douro tinto 2017 (14%) | João Brito e Cunha

Classificação Omnívoros: 85
PVP: 23 euros

Touriga Nacional e Touriga Franca de  vinhas velhas. Estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês. Vermelho escuro muito carregado na cor, quase tinta-da-china. Aromas de bagas de arbusto, alperce e violetas. A boca é uma esteira de veludo, estrutura muito bem urdida sobre a qual assenta uma acidez bem trabalhada. Comprimento longo, terminando elegante, com sugestões de cravinho e gengibre moído.
Prato: Magret de pato com molho de frutos vermelhos.

Vinho: Quinta da Fonte Souto Alentejo branco 2018 (14%) | Symington


Classificação Omnívoros: 88
PVP: 15 euros

Serra S. Mamede, 500m. Cor palha citrino. Aromas tropicais de abacaxi e manga, sugestões florais. Na boca mostra ainda notas de madeira, a dominar um pouco o conjunto, mas há um ambiente fresco e intenso ao longo de toda a prova que é resultado dos solos de transição em que estamos. Final médio.
Prato: Peixe grelhado nas brasas.

Vinho: Poças Fora da Série Orange Wine Douro branco 2019 (12,5%) | Manoel D. Poças Júnior

Classificação Omnívoros: 83
PVP: 19 euros
Arinto e Códega. Cor laranja carregado, reflexos dourados cristalinos. Aromas de marmelo cozido e mel. Boca de entrada acídula, sugestões de chocolate branco e nêspera madura. Meio de boca algo frágil, pronuncia-se melhor no fim, salino e floral, sempre uno e elegante.
Prato: Massa a la puttanesca (com anchovas).

Vinho: Guyot Douro branco 2017 (13,5%) | M. Vaz & O. Ferreira



Classificação Omnívoros: 85
PVP: 17 euros
Parcelas vinhas centenárias, solos arenosos origem granítica. Alt, sup. 500m. Cor amarelo pálido. Aromas de rama de tomate e toranja. Bom balanço na boca entre acidez e corpo, viaja devagar e mostra especiarias - noz moscada - e forte mineralizada, ligeiramente salina. Prato: Pregado frito com alcaparras

Vinho: Da Cuquinha Loureiro Verde branco 2019 (12%) | Casa da Cuca

Classificação Omnívoros: 86
PVP: 4,50 euros
100% Loureiro de Moreira do Lima. Cor amarelo dourado, aromas de flores do campo e hortelã, ponteados por ameixa branca madura. Na boca damos com uma pela simbiose feliz entre acidez e estrutura, tornando o vinho a um tempo fresco e viril. Prato: Açorda de Camarão.

sábado, 14 de novembro de 2020

Vinho: João Portugal Ramos Alvarinho Verde branco 2019 (13%) | JPRamos

Classificação Omnívoros: 86
PVP: 12 euros
100% Alvarinho. Solos de origem granítica da região de Monção. Amarelho palha esverdeado. Nariz de vagem de ervilhas, maçã verde e melaço. Boca cítrica, a marcar toranja e gengibre, frescura equilibrada. Final médio e rico. Prato: Bacalhau à lagareiro.

Vinho: João Portugal Ramos Loureiro Verde branco 2019 (12%) | JP Ramos

Classificação Omnívoros: 81
PVP: 5 euros
100% Loureiro. Amarelo pálido, aromas patrimoniais da casta, florais e a fruta branca de caroço. Boca a mostrar frescura e equilíbrio e a oferecer prova prazerosa. Final médio. Prato: Caril de frango.

Vinho: Monólogo Avesso Verde branco 2019 (13%) | A&D Wines



Classificação Omnívoros: 88
PVP: 8 euros

100% Avesso, uvas da Quinta de Santa Teresa. Cor amarelo dourado. Nariz de maçã bravo de esmolfe, flores e infusão de jasmim. Boca tropical, a sugerir manga e melão. Final com persistência acima da média, terminando equilibrado. Prato: Caldeirada de raia.

Vinho: Monólogo Chardonnay Verde branco 2019 (13,5%) | A&D Wines



Classificação Omnívoros: 82
PVP: 7,50 euros

100% Chardonnay, uvas da Quinta de Espinhosos. Cor amarelo dourado. Aromas de líchias e natas batidas, notas de jasmim. Entrada acídula de toranja na boca, forte cremosidade na continuação da prova, para terminar médio e fino. Prato: Pão de ló.

Vinho: Monólogo Malvasia Fina Verde branco 2019 (13%) | A&D Wines


Classificação Omnívoros: 87 
PVP: 9 euros

100% Malvasia Fina, região de Baião (Quinta de S. Teresa). Cor amarelo ligeiramente nacarado. Aromas fortemente florais, notas de mel e vagem de ervilhas. Boca de líchias e compota de marmelo, consistência inesperada e a dominar a boca. Final médio e fresco. Prato: Salada tépida de pepino e crème fraîche.

Vinho: Quinta do Noval Reserva Douro tinto 2017 (14%) | Quinta do Noval



Classificação Omnívoros: 93 
PVP: 55 euros
Touriga Nacional (80%) e Touriga Franca (20%). Fermentação inox, estágio em barricas carvalho francês, 35% das quais novas. Granada muito profundo, reflexos violeta muito ténues, a denunciar concentração. Nariz de violetas e raspa de laranja, impressões de cogumelos frescos. A boca revela uma frescura grande, equilíbrada, abrindo em pimenta preta e ameixa cozida, para terminar floral e salino. Prato: Pato assado com laranja.

Vinho: José de Sousa Monte da Ribeira Alentejo tinto 2018 (14%) | JM Fonseca



Classificação Omnívoros: 83

PVP: 7 euros

Aragonez (32%), Trincadeira (32%),  Syrah (24%) e Alicante Bouschet (12%). Vinhas em solo granítico. Estágio 6 meses barricas carvalho francês e americano. Cor carmim aberto. Aromas de bagas de arbusto, groselhas e mirtilos. Na boca revela ameixa madura e notas terrosas de cogumelos e grafite. Prato: Carne de porco com amêijoas.

Vinho: Guyot Douro tinto 2017 (13%) | M. Vaz & O. Ferreira

 


Classificação Omnívoros: 89
PVP: 24 euros
Uvas de uma só parcela com mais de cem anos. Field Blend, presença de mais de 60 castas, 450 metros de altitude. Granada profundo, reflexos carmim. Aromas mistos de pedra molhada, violetas e cereja cozida. Entra fino e ligeiro na boca, para abrir em notas cítricas, chocolate preto e alcaçuz. Final longo e salino. Prato: Steak au poivre com molho de café.


Vinho do Porto: A rainha e o Porto

 Vinho do Porto, confiança e património


Permito-me ceder à tentação de esgotar uma boa história ao revelar logo no início o seu desfecho. O vinho do Porto é muito importante para a rainha Isabel II de Inglaterra. Tenho a honra de ser um dos “happy few” que tem casa uma garrafa do Single Harvest Tawny 1952 da Graham’s (Symington Family Estates). Não sei que dizeres constavam nos rótulos das outras garrafas, mas a minha menciona explicitamente que não se destina à venda, o que no meu caso era inteiramente dispensável, nunca na vida a teria vendido, fosse qual fosse a oferta. Aliás, nunca vendi garrafa alguma que me tivesse sido oferecida. Esta que neste momento tenho nas mãos e que já está com o nível reduzido a cerca de um quarto, foi sendo bebida devagar e em tempos diferidos. O vinho que contém é muito especial e foi engarrafado num ano ainda mais especial: 2012, o ano do jubileu de diamante da rainha Isabel II, que marca o 60º aniversário da data em que se tornou rainha de Inglaterra. Os factos são conhecidos, a subida ao trono acontece francamente cedo pela morte de Jorge VI, seu pai e a celebração dessa memória teve sempre um efeito grande na rainha. A iniciativa de engarrafar um vinho do Porto de grande gabarito para comemorar a efeméride foi de tal forma bem recebida pela rainha que incluiu o vinho especial num acto público no castelo de Windsor. Os convidados eram monarcas de todo mundo, o que gerou uma cadeia positiva de afectos. E o afecto é muito importante na relação da rainha com o seu povo; tal como cantado no hino nacional, todos precisam e exigem que a rainha se sinta vitoriosa, feliz e gloriosa, e que reine por muitos e bons anos. O vinho, a propósito, é excelente, ainda hoje representa para mim um dos melhores tawnies - envelhecidos em cascos - engarrafados pela Symington. São os maiores proprietários de vinhas no Douro, e de certa forma funcionam como clã, com o aspecto particular de cada um individualmente ter a sua própria vinha, sinal de compromisso para com a terra, Portugal e vinho do Porto. Os Symington vieram para ficar.


Conselho é tudo


A criação da Commonwealth, um dos efeitos sensíveis do poder e cuidado de Isabel II, trouxe para perto do coração dos ingleses a produção de vinho pelo mundo. Não existe a figura do curador no caso do vinho, mas tem função semelhante Jancis Robinson, MW - Master of Wine - e OBE - Order of the British Empire -, com a confiança total da rainha na consolidação da fabulosa garrafeira da coroa, iniciada há vários séculos e que vai incluindo os títulos de maior gabarito. O vinho do Porto que repousa nas imensas caves reais é não só bebível como também recomendável, mas infelizmente não é possível o acesso ao livro de cave para aquilatar devidamente a presença de vinho do Porto no imenso oceano de vinhos do Velho e do Novo Mundo. Coincidimos várias vezes em eventos vínicos internacionais, privei com Jancis Robinson à mesa e em provas, mas confesso que nunca me lembrei de lhe perguntar sobre o acervo de vinho do Porto. A fomalidade britânica tem este sabor inconfundível da intimidade e é inteiramente governada pela distância. Sei que 1963, um dos melhor anos de sempre do vinho do Porto, está bem representado e que pontificam os vintages da Fonseca e da Quinta do Noval, mas isto imagino que seja apenas a ponta do iceberg. Em conversa há já alguns com a responsável pelas compras na Harrod’s, fiquei a saber da existência de um secretário da rainha para governar as caves reais. Na altura, era Simon Berry, por sua vez director do mítico negociante Berry Bros & Rudd, fundado em 1698. Foi-me prometido que o iria conhecer pessoalmente e fui lá especificamente para isso, mas um imprevisto impediu que nos encontrássemos. Imagino e espero que tenha sido por uma qualquer chamada urgente do palácio de Buckingham. Tem a confiança directa da rainha e é nele que repousa a responsabilidade grave da escolha dos vinhos para todos os eventos do palácio. Servir os Windsor e representar ele próprio três séculos de história familiar ininterrupta não deve dar a agenda mais fácil do mundo, por isso está mais perdoado, mas numa próxima vez que encontre Jancis Robinson vou ter o caderno pronto para tomar nota dos vinhos do Porto da preferência da rainha. Outra figura de peso no circuito vínico da realeza é o feitor - o termo inglês é yeoman - Robert Lange que é o homem da chave da garrafeira que muito poucos visitaram até hoje. A função desempenhada faz lembrar a dos Beefeaters na Torre de Londres, ambos são a um tempo guardiães e únicos responsáveis pelo que lhes é confiado. A Lancaster House, propriedade da rainha arrendada ao governo, fica perto do palácio e é onde ficam as caves onde estão guardadas cerca de 40 mil garrafas, muitas das quais seguramente raridades que poucos ou ninguém provaram. Por debaixo dos salões e guardados pela tal chave que só um tem. Na Feitoria Inglesa, no Porto, nos dias especiais estamos à mesa dezenas de convidados e no final da refeição somos conduzidos a uma sala contígua e onde está uma mesa da mesma configuração, para fazermos uma saúde à rainha. Com vinho do Porto, claro. E escolhido pelo secretário da Feitoria, como é evidente.