domingo, 28 de fevereiro de 2021

Mesa: Paço dos Cunhas, em Santar (Nelas) | Chef Henrique Ferreira



Pedra, paz e proximidade

Classificação

O espaço: 4,5

O serviço: 4

A comida: 4,5


Configura templo todo o restaurante em que só por nos sentarmos à mesa recebemos o pleno da experiência de retiro, desafio e descoberta. O chef Henrique Ferreira, de raízes bem beirãs, é o mais tranquilo dos líderes e expõe no Paço dos Cunhas em Santar um cardápio desafiante que merece bem a viagem.


É por entre paredes de granito de monumentalidade garantida por mais de quatro séculos de história que o chef Henrique Ferreira diariamente se movimenta, a um tempo guiando-nos e aprendendo connosco, no muito seu restaurante Paço dos Cunhas. Despontou-lhe dentro a vocação desde cedo e procurou perto de casa a formação que lhe permitiu confirmar a centelha. A escola superior de turismo e hotelaria em Seia foi o espaço formal para isso mas foi a experiência de mais de uma década a oficiar nos restaurantes do grupo Global Wines que lhe construíram o templo interior. O Paço dos Cunhas de Santar é o território onde expõe conceptualmente a leitura que faz das suas raízes e onde nos propõe muitas viagens. Chama o mar nos milhos de amêijoa, tranche de robalo e coentros (19 euros), no esplêndido arroz malandro de santola, poejo, tomate e espuma de lima (20 euros) e no clássico reinventado à sua maneira que é o polvo grelhado, emlsão de cebola assada e batatinha (22 euros). Destacam-se no capítulo entradeiro um feliz bacalhau fresco em tempura, maionese de coentros e sésamo (6 euros) e um genial creme de castanha, codorniz, tomilho e porco ibérico (6 euros), coroa e glória nas favas com entrecosto, gema e caldo do cozido (6,5 euros). Como é que o rapaz faz uma sopa assim é pensamento que não nos larga. Talvez chocante não ter bovino beirão na ementa, mas a falta é compensada pelo superprato que é a vazia de Rúbia Galega maturada, texturas de feijoca e vinho tinto (22 euros). Experiência de nível místico, tudo intenso e assumido a dizer sem palavras o que o brilhante chef a que nos entregamos quer partilhar na sua leitura da proximidade. O prato eleito é o lombinho de javali, batata-doce e cogumelos marron (17 euros), dito não se acredita, provado passa a acto de fé. Só quem viveu desde a infância nos sabores e temperos da região consegue afiná-los assim. Cabe aqui mais que a propósito dizer que no restaurante da Quinta de Cabriz - também governado pelo jovem chef Ferreira - faz-se candidamente a chouriça da beira em vinho tinto como outrora e só quem é dali processa como deve ser. Assim é só deixarmo-nos guiar, a ousadia depressa é recompensada. Surpreendente o creme queimado de dióspiro (5 euros), pela franqueza do fruto que conseguimos identificar, irresistível o bolo de feijão, arroz tufado, amêndoa, salame e chocolate (6 euros). A assessoria vínica é brilhante e assegurada pelo extenso portfólio vínico da Global Wines, inteiramente disponível no restaurante e na loja. Saímos em paz, sempre para voltar.


Paço dos Cunhas de Santar

Largo do Paço 28

3520-153 Santar

Tel. 232 945 452

Terça a quinta, menu executivo, 10:00-18:00

Sexta e sábado à carta, 10:00-22:00

Domingo à carta, 10:00-16:00

Fecha: Segunda e jantar de domingo

Preço médio: 28 euros


A refeição ideal

Menu 5 Porções com harmonização de vinhos (47,5 euros)

Bacalhau fresco em tempura, maionese de coentros e sésamo

Favas com entrecosto, gema e caldo do cozido

Polvo grelhado, emulsão de cebola assada e batatinha

Lombinho de javali, batata-doce e cogumelos marron

Creme queimado de diospiro


(Pub. Evasões de 28/Dez/2018)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Vinho: Ontem Vinho de Mesa branco 2019 (12,5%) | Conceito Vinhos

 

Classificação Omnívoros: 91
PVP: 19 euros
Vinhas fora de toda a demarcação, o que justifica a classificação de vinho de mesa. Amarelo carregado, aromas terrosos de terra húmida, trufas e granito molhado. A boca é a um tempo discreta e poderosa, mineral do princípio ao fim, com evocações salinas fortes. Comprimento de boca impressionante sobretudo pelo equilíbrio subtil entre acidez e estrutura, indestrutível. Prato: Robalo escalfado.

Vinho: Pedro Milanos Limited Douro tinto 2017 (14%) | Maria Luísa Valente

 

Classificação Omnívoros: 84
PVP: 22,50 euros
Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz. Vermelho forte, quase tinta da china. Aromas de violetas, amoras e folha de esteva. Copioso e cheio na boca, fruta de arbusto confitada e grafite, para um final seco e elegante. Prato: Cabrito assado no forno.

Vinho: Pedro Milanos Limited Douro branco 2019 (14%) | Maria Luísa Valente

 

Classificação Omnívoros: 88
PVP: 22,50 euros
Malvasia Fina, Arinto e Viosinho. Dourado carregado na cor. Aromas de flores silvestres, ameixa madura e dióspiros. A boca abre em equilíbrio, tudo muito focado, notas de vagem verde de favas, tomilho fresco e banana verde. Evolução rápida, final floral, com notas de mel de urze. Prato: Linguado no forno com banana.

Vinho: Manoella Finest Reserve Tawny Porto N/V (19,5%) | Wine & Soul

 

Classificação Omnívoros: 88
PVP: 14,50 euros
Lote de vinhos do Porto da Quinta da Manoella envelhecido em cascos de 630 litros. Estágio de 6 anos em armazém. Vermelho acastanhado, bordos abertos, reflexos carmim alaranjado. Aromas de alperce e figo seco, com notas balsâmicas de folha de eucalipto. Boca vibrante a mostrar pimenta preta, pistáchio e bombom de laranja. Prova termina longa, em complexidade. Prato: Queijo de figo.

Vinho: Manoella Finest Reserve Ruby Porto N/V (19,5%) | Wine & Soul

 

Classificação Omnívoros: 87
PVP: 12,50 euros
Lote de vinhos do Porto da Quinta da Manoella, estágio em tonéis de carvalho durante 6 anos. Granada carregado, reflexos violeta muito ténues, a denunciar concentração apreciável. Aromas de tomate seco, amoras e gengibre. Boca fresca e muito esoeciada na entrada, a evoluir em chocolate preto, ginja e alcaçuz. Corpo surpreendente para a categoria em causa, final bastante longo a amendoim e trufa preta. Seco e rico. Prato: Tarte de chocolate negro.

Vinho: Vinha do Altar Reserva Douro branco 2019 (12,5%) | Wine & Soul

 

Classificação Omnívoros: 84
PVP: 9 euros
Viosinho, Gouveio e Arinto. Vinha plantada em 2015 a 600 metros, solos de xisto. Estágio de 6 meses sobre as borras. Dourado aberto e cristalino. Nariz muito floral, com toques de laranja e nêspera. Boca vibrante e equilibrada, copiosa, a mostrar impressões de chá de lucialima, chocolate branco e banana verde. Termina longo e fino. Prato: Sushi.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Vinho: Bluníssima Lisboa tinto 2017 (14,5%) | Monte Bluna

 

Classificação Omnívoros: 92
PVP: 60 euros
100% Aragonez. Vermelho carregado, reflexos rubi. Nariz de amoras e ameixa madura, complementados por impressões especiadas de cravinho e noz-moscada e balsâmicas de folhas de eucalipto e menta. Boca fresca e ao mesmo tempo copiosa em impressões frutadas e minerais, aligeirando muito o conjunto. Final muito longo sem perder o equilíbrio, evocações finais de figos secos. Magret de pato com molho de figos.

Vinho: Quinta Valle Madruga Tinta Barroca Colheita Seleccionada Trás-os-Montes tinto 2019 (13,5%) | ERTA

 

Classificação Omnívoros: 82
PVP: 9 euros
100% Tinta Barroca proveniente da Vinha de Jorjais, perto de Valpaços. Granada carregado. Aromas de mirtilos e ameixa preta cozida. Comportamento em boca vibrante e fresco, a oferecer prova rápida de fruta de arbusto, marmelada e chocolate de leite. Final médio e rico. Prato: Galinha com amêndoas à cantonense.

Vinho: Costa Boal Sousão Douro tinto 2017 (13%) | Costa Boal Family Estates

 

Classificação Omnívoros: 81
PVP: 35 euros
100% Sousão. Solos xistosos. Estagiou em barrica de carvalho francês durante 16 meses. Vermelho retinto, quase tinta-da-china. Aromas de fruta de arbusto, esteva e flores. Boca copiosa, notas de alcaçuz, torrefacção e chocolate preto. Comprimento médio, final de boca rico. Prato: Massa aglio e olio.

Vinho: Beaujolais Nouveau tinto 2020 (13%) | Domaines Georges Duboeuf (França)

 

Classificação Omnívoros: 77
PVP: 10 euros
100% Gamay. Maceração carbónica e vinificação simples. É sempre uma grande festa em França e no mundo, o lançamento do Beaujolais Nouveau. Neste ano tão atípico, é motivo suplementar para festejar. Cor carmim aberto. Aromas intensos de morango e cereja. Boca sem surpresas, para um fruto primário intenso e um meio de boca que pede acompanhamento fresco. Prato: Alheira com grelos.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Vinho: Casa da Esteira Vinhas Velhas Douro branco (12%) | Parceiros na Criação

 

Classificação Omnívoros: 88
PVP: 17 euros
Uvas de vinhas velhas: Vinha da Casa (1970) e Vinha dos Bardos (1977). Fermentação e estágio em barricas de carvalho húngaro de 500L durante 11 meses. Amarelo dourado. Nariz de flor de laranjeira, mel e amêndoa torrada. Boca cítrica, a abrir natas batidas, marmelo cozido e chocolate branco. Final longo e equilibrado. Prato: Feijoada de chocos.

Vinho: DOTE Vinho de Mesa branco 2018 (12%) | Parceiros na Criação

 

Classificação Omnívoros: 92
PVP: 20 euros
DO de Douro, TE de Tejo. As vinhas velhas do Douro de João Nápoles de Carvalho associadas à Fernão Pires do Tejo de Joana Pratas. Amarelo carregado, aromas de figos frescos, rama de tomate e raspa de laranja. Entrada de boca muito equilibrada, ligeiramente salina, meio de boca a desenvolver notas de mel e alperce confitado, para terminar muito longo e fino. Prato: pregado frito com alcaparras.

sábado, 6 de fevereiro de 2021

Vinho: Fonte do Ouro Reserva Especial Encruzado Dão branco 2019 (13,5%) | Soc. Agr. Boas Quintas

 

Classificação Omnívoros: 88
PVP: 11 Euros
100% Encruzado. Fermentação e estágio 6 meses em barrica. Cor amarelo esverdeado, reflexos dourados e abertos. Aromas de flores silvestres, notas balsâmicas de caruma verde de pinheiro. Boca cítrica muito elegante, notas de pedra molhada e cogumelos frescos. Bom desempenho até ao final, que é longo. Prato: Queijo Serra da Estrela.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Vinho: Casa da Esteira Douro branco 2019 (12,5%) | Parceiros na Criação

 

Classificação Omnívoros: 78
PVP: 9 euros

Rabigato, Síria, Viosinho e Verdelho. Amarelo esverdeado aberto. Aromas de vagem verde de favas, raspa de toranja e líchias. Boca correcta, a manter o registo cítrico, final médio e suave. Prato: Sushi.

Vinho: Contraste Douro branco 2019 (13%) | Conceito

 

Classificação Omnívoros: 88
PVP: 9 euros

Altitude elevada, cerca de 600m. Rabigato, Códega do Larinho, Códega e Arinto. 30% teve estágio em barricas novas e usadas, o restante em cubas inox com batonage. Amarelo forte, aromas de ameixa branca madura, flores silvestres e cogumelos frescos. Entrada de boca elegante e discreta, para crescer em fruta cozida e notas terrosas. Final longo e muito fino, impressões cítricas. Prato: Filetes de pescada com arroz de berbigão.