quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Batata que és tão bela, vais ou não prá panela?

As variedades Agria (casca branca) e Laura (casca vermelha) são as melhores para fritar. Fim do preconceito em relação à cor da casca.
A variedade Agria tem sido considerada a melhor para fritar, mas hoje recomenda-se também a Laura, menos conhecida. A primeira é de casca branca, a segunda de casca vermelha, o que só por si deita por terra a regra – falsa, já se vê - que diz que as brancas são para fritar e as vermelhas para cozer. O conhecimento verdadeiro vive sobretudo e realmente de excepções. O que é então uma boa batata para fritar? A de polpa amarela, coloração que decorre do elevado teor em amido. Fritas ou em puré são as melhores. Já para cozer, deve utilizar-se as de polpa branca, menos ricas em amido e com mais açúcares de cadeia curta, escurecendo por isso se dadas à fritura. Aqui, a variedade Jaerla é a melhor, por ser também rica em sabor. Na dúvida, devemos optar pela Picasso, vulgarmente conhecida como “olho de perdiz”. Essa dá para as duas funções, fritar ou cozer.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Está de assobio!

16,5 - Murças Assobio Douro tinto 2017 (13,5%) | Murças - 5,5 euros
Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, o blend mais duriense que se pode pensar, aqui contudo declinado com uma intensidade especial na Touriga Franca, e uma frescura possível apenas com vindima e vinificação cuidadas. Está de assobio este Murças.

domingo, 6 de janeiro de 2019

Viva a casta Antão Vaz... e no terroir certo!

17,5 - Herdade do Peso Colheita Alentejo branco 2017 (13%) | Sogrape - 9 euros
100% Antão Vaz. Estágio de 6 meses barricas de carvalho francês. É o primeiro Peso branco de que me lembro que não se fica para cá da fruta, antes vai mais além. A um tempo cítrico e floral, há aqui uma expressão pura da casta, produzida na latitude certa e com mão enológica venerável.

sábado, 5 de janeiro de 2019

O vinho do Porto e o bolo-rei

A categoria 10 Anos do vinho do Porto tem características únicas e distintivas das restantes categorias. Para a sentir e entender melhor, nada como uma prova com o bolo dos reis, ou bolo-rei. Facilmente surgirão novas ideias.

O vinho do Porto divide-se normalmente em dois grandes grupos, tawnies e rubys. Os primeiros, como o nome indica, aloiram ao perder cor com o envelhecimento no ambiente dito oxidativo dos grandes balseiros, enquanto os segundos envelhecem em garrafa, preservando a cor por mais tempo ao envelhecer em ambiente redutivo, com muito pouco contacto com o ar para além do que existe dentro da garrafa. A estes dois, contudo, há que acrescentar o porto branco, que corresponde aos vinhos do Porto que não foram macerados nas películas como as outras duas categorias mas que envelhecem, também eles, em balseiros e vasilhas de grande dimensão. É por isso que no grande grupo dos 10 Anos, uma das categorias dos vinhos do Porto com indicação da idade, junta brancos e tawnies. Nos brancos sentimos mais a frescura, as notas florais e de toffee ligeiro, enquanto nos tawnies há mais profundidade e aptidão gastronómica. Quem se serve avidamente de ambos é o bolo-rei, por conter nuances que acolhem tanto as notas frutadas como as balsâmicas. A massa de base é normalmente brioche, rica em ovos e leite, declinada depois no bolo-rei típico, com frutos cristalizados dentro da massa e na cobertura, ou com frutos secos, tais como amêndoa, nozes e pinhões, a que por oposição se chama bolo-rainha. Propomos por isso um périplo diferente pelo sempre fabuloso universo do vinho do Porto, com um elenco de luxo na categoria 10 Anos. Bom dia de Reis!


Os 10 Anos que queremos ter sempre à mão

O bolo-rei não é o único desafio que temos ao longo do ano, em termos de doçaria e sobremesas caseiras. Provámos e alinhámos os que obtiveram as melhores pontuações e tivemos algumas surpresas, todas boas. Justifica o investimento em vinhos do Porto 10 Anos e prova continuada, à mesa ou fora dela. Boas provas!

17 - Andresen 10 Anos Porto Branco (50cl) | Andresen - 17 euros
Muito fino na boca, aromas cítricos e de nougat, confirmados na boca, invulgarmente complexa. Desempenho brilhante com a massa de brioche que compõe o bolo-rei, melhor ainda com o bolo-rainha.

16 - Messias 10 Anos Porto Branco (50cl) | Soc. Agr. e Com. Messias - 14 euros
Vinho vigoroso e cheio de personalidade, a beneficiar do conhecimento da casa em matéria de portos e respectivos stocks, apto para diversas harmonizações. Lote muito feliz.

17,5 - Dalva 10 Anos Porto Tawny | C. da Silva - 20 euros
Brilhante e avassalador, quase a fazer esquecer que se trata de um 10 Anos. A casa possui stocks extensos e ricos que lhe permitem fazer preciosidades destas a preço convidativo. Resolve bem o bolo-rei.

17 - Quinta de Ervamoira 10 Anos Porto Tawny | Adriano Ramos Pinto - 25 euros
Um vinho do Porto para visitar todos os dias, enquanto se vai consumindo o bolo-rei devagar, como é costume nos lares portugueses. Notas exóticas de frutos secos e passas de uva, num belo conjunto.

17 - Preguiça 10 Anos Porto Tawny | António Fraga - 15 euros
Bom exemplo de um tawny 10 anos do produtor, iniciativa que saudamos e queremos ver repetida mais e mais vezes. A doçura é acentuada e vai directa à fruta cristalizada do bolo-rei. União feliz.

16,5 - Cálem Velhotes 10 Anos Porto Tawny | Sogevinus - 15 euros
Marca clássica no mundo mais tradicional e popular do vinho do Porto, a que talvez por se ver nas prateleiras dos cafés não inspire a maior confiança ao apreciador iniciado. Nada mais errado, é um vinho inteiro e fresco, a clamar por prova.

16,5 - Sandeman 10 Anos Porto Tawny (50cl) | Sogrape - 12 euros
Junta notas de frutos vermelhos e frutos secos num mesmo vinho, num universo de aromas que o tornam num vinho de prazer. Companheiro indefectível do bolo-rei.

(Artigo de 5/Jan/2018)

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Rosé fit for fight

17 - Pacheca Touriga Nacional Reserva Douro rosé 2017 (13,5%) | Quinta da Pacheca - 17 euros
Eminentemente cítrico no nariz, foge do “standard rosé” das notas de morango e bagas de arbusto que, diga-se o que se disser, não nos ajudam nada a considerar um rosé como um vinho standard, orientado para a mesa. E de facto é essencialmente um vinho festivo, que em princípio bebemos antes dos brancos, numa sequência de prova. Este, estreme de Touriga Nacional, há-de ter sido produzido em bica aberta, com algum estágio pelicular antes e depois da fermentação. Mas monta uma prova de boca fresca, equilibrada, e oferece um comprimento de prova muito raro num rosé. Decidi “oferecer-lhe” uma tortilha de batata com muitos coentros e bateu certo! Amêijoas à Bulhão Pato irão bem também, e umas gambas al ajillo com um pouco de piripiri vão pô-lo fit for fight.

Multiusos duriense

16,5 - Alta Pontuação Douro branco 2017 (13%) | Alta Pontuação - 7 euros
Viosinho, Rabigato, Gouveio, Malvasia um pouco de Moscatel, uvas de vinha virada a nascente, 475 metros de altitude. Jorge Coutinho conhece bem o Douro e produziu um branco flexível - sem madeira - , apto à prática do peixe grelhado e à empreitada petisqueira. De destacar a contenção no grau alcoólico, o que o pode tornar amigo do sushi e de outras orientalidades.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Taninos de ourives

18,5 - CV Curriculum Vitae Douro tinto 2016 (14,5%) | Quinta Vale D. Maria - 65 euros
Presença forte de Touriga Franca e Tinta Amarela neste vinho de vinhas velhas, labor da enóloga Joana Pinhão. Convivemos com o vinho depois de recuperar do bom choque que é a elegância e equilíbrio dele na boca, perfil de grande clássico. É francamente cedo para o beber, mas vai ser muito difícil resistir, decantado com cuidado e vagar abre porta após porta, deixando ver por exemplo a robustez balsâmica da Rufete (Tinta Pinheira), que faz parte do elenco principal de castas. A Touriga Nacional não se evidencia neste conjunto, antes convive - acontecimento raro - com o lote em harmonia. Final interminável, sempre em elegância.