Express: 16 - Vila Justa Escolha Alentejo tinto 2021 (13,5%) | Quinta Vale do Armo

Aragonês, Touriga Nacional e Alicante Bouschet. Frutado franco, enologia minimalista a fazer destacar o Alentejo de transição de onde provém. Estamos quase na confluência tripla de Beira Interior, Alentejo e Ribatejo. Frescura acentuada, precisão de taninos vestidos de acidez bem trabalhada. Prato: Vitela assada.

Prova Express: 17 - Terrunho Notas Soltas Verde tinto 2019 (11,5%) | José Domingues

Cainho tinto, Vinhão, Borraçal e Brancelho. Lote field blend de uvas de vinhas centenárias com castas tradicionais plantadas em ramada na encosta do rio Mouro. Cartada forte do brilhante enólogo e criador de vinhos José Domingues. Coloca num patamar superlativo a categoria mal-amada dos vinhos verdes que é a dos verdes tintos. Muito gastronómico e apetecível. Prato: Capão à Freamunde.

Prova Express: 17,5 - Encostas de Sonim Touriga Nacional Grande Reserva Trás-os-Montes 2018 (14%) | Soc. Agr. Encostas de Sonim

100% Touriga Nacional. Esmagamento ligeiro para lagar tradicional aberto onde fermenta durante vários dias. Estágio 18 meses em barricas de carvalho francês. Intensidade floral intensa, pureza e definição da fruta de caroço cozida. O lado cítrico vezeiro na casta é quase imperceptível. O equilíbrio em boca faz-nos estar confinantes em relação ao futuro e longevidade em garrafa. Pena algum monolitismo onde podia haver mais complexidade. A ver vamos. Prato: Magret de pato com coulis de frutos vermelhos.

Delírios: Suã, Assuã e outras espinhudices

Não há talho que se preze que não tenha em salmoura líquida a maravilha culinária que é o espinhaço de porco. Eu só compro em casas que conheço há anos e sei que não defraudam o cliente. Já tive dissabores tenebrosos, um deles foi uma gastroenterite terrível. Apesar do aspecto algo escatológico que faz as mesas mais requintadas proscrever o prato, os ossos da suã - outra forma de dizer espinhaço - produzem um dos caldos mais saborosos e fundadores da cozinha popular portuguesa. Arrepia-me o espinhaço - falo do meu - quando leio assuã, mesmo sabendo que é formalmente equivalente a suã e apenas se trata de uma corruptela; ao fim e ao cabo, todos sabemos o que é. Mas tenho igual reacção quando leio "fêveras" em vez de febras nos muitos cardápios deste país. Assuã é nada. Assuão é barragem e local. É por estas e por outras que cerejar e cerejada são coisas bem diferentes. Era só. Obrigado pela atenção.

Prova Express: 18 - Proibido Vale do Rio Pinhão Terraços Douro tinto 2020 (14%) | Márcio Lopes - 100 euros

Frescura e elegância, como só a altitude e a frescura deste grande lugar de vinha consegue proporcionar. Márcio Lopes é exímio a desbravar terroirs especiais e a produzir neles vinhos únicos. Vinha velha cuidada ao longo do tempo com o carinho e cuidados do proprietário Gastão Taveira. Grafite, alcaçuz e notas suaves de ginja cativam do primeiro ao último gole.

Prova Express: 19 - Proibido Vinha do Pombal Douro tinto 2020 (13%) | Márcio Lopes - 120 euros

Vinha velha em Foz Côa, na Quinta do Pombal de Márcio Lopes, mistura de castas, identificadas estão Alvarelhão, Bastardo, Tinta da Barca e Mourisco. Aberto na cor, apresenta tonalidades rubi. A vinha foi plantada no final dos anos 50, ou seja há cerca de 70 anos, o que é notável. Pisa a pé em lagar, onde fermentou cerca de 30 dias. Dois meses em lagar, 15 meses em barricas de carvalho francês. Nariz vibrante, começando por sugerir citrinos para depois depositar a tónica no ambiente floral e de cerejas maduras sedutor e estável. A boca revela notável integridade, estrutura bem urdida revestida por acidez bem trabalhada, conjunto de notável frescura. Na continuação de prova há sugestões de chocolate negro, terminando longo e com enorme elegância. Prato: Galinha estufada com gengibre.