
Omnívoros: 93
Este vinho é uma pérola em vários sentidos. Conheci o produtor há uns anos, numa prova que dei no Centro de Interpretação dos Vinhos Verdes, em Ponte de Lima, ainda antes da pandemia. O tema era a casta Loureiro e - passe a imodéstia - correu muito bem. Vinhos de vários produtores da casta, com vinhos muito especiais e cheios de personalidade. E todos invariavelmente a referir no contra-rótulo a boa proximidade com peixe grelhado.e marisco. Insurgi-me e promovi uma prova em que demonstrei que a Loureiro é uma casta muito especial. Em primeiro lugar, evolui devagar em garrafa e em segundo lugar reage nos primeiros anos mal à melamina e dimetilamina. Isso torna-a incapaz de acompanhar peixe e mariscos grelhados, coisa que a Alvarinho faz na perfeição. Por outro lado, esperando por ela 3 ou 4 anos, torna-se deliciosa e muito amiga da comida. Foi então que o dito produtor me falou da casta Cainho de Moreira do Lima, que eu não conhecia. Ficámos sempre em contacto desde então e ele acabou por me enviar uma garrafa já com alguns anos, com indicação expressa de esperar um par de anos pelo menos, que me ia surpreender. E foi exatamente isso que aconteceu. Sabem com que o harmonizei? Perna de cordeiro mirandês assada. E andou muito bem. Sempre a aprender! Quanto a este vinho muito especial, além do zénite atingido, ainda há que reforçar que no nariz sugere figo fresco, melão e tomate, e na boca estão bem presentes as notas de flores silvestres, cogumelos frescos e ameixa branca. Prato: confirmo a perna de cordeiro assada com cravinho.