domingo, 11 de agosto de 2013

Gelado Geladinho, pões-me logo mais fresquinho!

Tem longa história em muitos países do mundo, e o rol de modos de o preparar evoluiu muito, mas desde os primórdios se mostrou irresistível, além de paliativo da canícula quando não mesmo da fome.

Há uma tentação instalada na mente de quem se interesse pela origem do que come, que é de querer saber quem e quando fez pela primeira vez e porquê. O primeiro corolário, após as dez primeiras derrotas, é sempre o mesmo: ninguém inventou a maioria das coisas antigas, apareceram no mundo por mãos e razões diversas, sem que ninguém possa reclamar a sua autoria. Esta aparente impotência permite-nos, entre outras, a fruição inconsequente livre de pudores daquilo que sabe bem. E como sabe bem um geladinho quando se procura um alívio daquilo que nem é sede nem fome!
Pois parece que para nós, como tantas outras coisas boas, quem nos trouxe os primeiros gelados foram os árabes no norte de África. Chamavam-lhe neve doce e consistia basicamente de juntar leite à neve; em árabe, chama-se “sberbeth”, palavra que rapidamente iria dar em shorbet, sorbet, ou sorvete. A forma mais erudita e utilizável do gelado foi contudo atingida apenas pelos italianos, que nos comunicaram a sua cultura gastronómica de várias maneiras. Ruggeri, Buontalenti, ambos de Florença; e Procopio dei Coltelli, siciliano, são tidos como os pais do gelado. O gelado é diferente do sorvete, por uma razão muito simples, que os próprios italianos evocam: enquanto o sorvete se bebe, o gelado come-se e bebe-se. Basta ir a Milão para ver como os locais muitas vezes almoçam… um gelado. O Sr. Attilio Santini, o pai dos históricos gelados portugueses que veio para Portugal e fundou a casa com o seu nome, dizia muitas vezes que um bom gelado era uma refeição inteira. Basicamente, o trabalho do açúcar, da fruta e do leite, num ambiente de frio progressivo é que fazem o gelado. Em casa, sem uma máquina de gelados, passa por levar várias vezes os preparados ao congelador, para voltar a bater e de novo sujeitar ao frio. O ideal é ter uma máquina, por pequena que seja, com refrigeração incorporada. Até lá, deliciamo-nos com os bons gelados que estão por aí, à nossa espera.


Onde estão os bons gelados


Confeitaria Marbela
Esposende
O trabalho do genial Rui Costa produziu gelados de antologia, produzidos com frutas, chocolates e outros ingredientes 100% naturais, em belas embalagens.

Artisani – Dieci Pizzeria
Campo Pequeno, Lisboa
Instalada fora da Pizzeria, apresenta os sabores clássicos, com texturas e franqueza que já são nossas conhecidas. A interacção com a que é uma das melhores pizzas de Lisboa também é interessante.

Ice Gourmet
Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa
O trabalho do conhecido chef Bertílio Gomes e de sua mulher é dos mais conseguidos e originais de que temos registo, com sabores bem portugueses. Está agora no novíssimo Centro de Interpretação, em plenos jardins da Gulbenkian.

Santini Chiado
Rua do Carmo, Lisboa
É o legado directo do Sr. Santini, que mais de 60 anos depois continua vibrante e na linha da frente, com produção de fruta fresca contratada de um ano para o outro, só para garantir a qualidade de sempre

Fragoleto
Rua da Prata, Lisboa
Manuela Carabina é uma mulher de armas e não desarma, com esta sua muito original produção de gelados, no coração da baixa lisboeta. São provavelmente os melhores gelados de Portugal.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.